Património Cultural e Arquitectónico de Leiria

Leiria, nascida à sombra do seu majestoso Castelo em finais de 1135, reconquistado aos mouros pelo rei D. Afonso Henriques, é hoje uma cidade moderna. Encaixada entre a serra e os campos do vale do Lis, com o mar a beijar o pinhal de Leiria que outrora deu a madeira para a construção das caravelas que atravessaram o Atlântico à descoberta de Terras de Vera Cruz, a cidade tornou-se uma urbe cosmopolita que hoje se estende para além do velho casario do Centro Histórico.


Leiria situada numa região com grande envolvência histórica, como os mosteiros da Batalha e de Alcobaça tem no seu Castelo o símbolo mais vivo de um passado de séculos que está sempre presente.

O Castelo foi residência de reis como D. Sancho I, D. Afonso III e o mais famoso D. Dinis que ali viveu com a rainha Santa Isabel a do “milagre das rosas”! O primeiro povoado foi construído ao redor da encosta norte, mais propriamente no lugar dos Castelinhos e estendia-se até aos arrabaldes, hoje Arrabalde d’ Aquém!

Em 22 de Maio de 1545, o Papa Paulo III, pela bula “Pro excellenti apostolicae sedis”, criou a diocese de Leiria e elevou a vila de Leiria a cidade!

Ao longo dos séculos Leiria foi crescendo, extravasou os muros da fortaleza e avançou para além das margens do Lis ocupando uma enorme área suburbana, com modernos empreendimentos onde vivem mais de cem mil pessoas!

Mas Leiria não é só o Castelo e o rio Lis, os seus monumentos, as suas seculares igrejas, como S. Pedro, Sra. da Encarnação, Sto. Agostinho, S. Francisco e Espírito Santo ou a Sé Catedral, mas também algumas das velhas e típicas casas, solares e palacetes que outrora foram moradias de figuras gradas da terra, como escritores e famílias senhoriais, hoje símbolos do nosso quotidiano e que encerram um passado que está presente nas memórias das gentes desta cidade com nove séculos de história! Alguns desses símbolos, são imagens reais que aqui retrato nalguns exemplos vivos de uma Leiria que bem merece uma visita atenta!






Casa dos Athaydes (Solar da Família Athayde) - Séc. XVIII
É uma construção solarenga em bom estado de conservação, localizada no Largo Cândido dos Reis (Terreiro).
Na fachada destaca-se o brasão com as armas dos proprietários dos imóveis “Silva” e “Athayde”. No interior existe um jardim com uma fonte decorada com azulejos onde se reproduz o brasão da família e uma pequena capela dedicada a N. Sra. da Conceição.
O edifício foi remodelado e é actualmente (2009/2010) sede da Fundação da Caixa de Crédito, mantendo a sua traça original.

Edificio “Zúquete” – Séc. XVIII/XIX
Situado na emblemática Praça Rodrigues Lobo é uma construção do estilo “Arte Nova” com o cunho do arquitecto Ernesto Korrodi. A fachada actual data de 1914 e resultou da reconstrução do prédio após a sua destruição por um incêndio de grandes proporções.
Foi sede do Grémio Literário e Recreativo de Leiria.
Hoje (2009) é um edifício que mantém a traça original e está integrado no núcleo de cafés e bares daquela Praça.

Edifício do Banco de Portugal – Séc XX
Este edifício foi inaugurado em 1929 com projecto do arquitecto Ernesto Korrodi e está localizado no centro da cidade, no Largo Goa, Damão e Diu.
Tem a forma de 2 rectângulos agregados e é constituído por 3 corpos com um pórtico principal coroado pelas armas nacionais.
Depois do encerramento da delegação do Banco de Portugal em Leiria, foi adquirido pelo Município leiriense e adaptado a sede do departamento de cultura e local de eventos, nomeadamente de exposições da Câmara Municipal de Leiria, desde 2000.

Largo Cândido dos Reis (Terreiro)
O Terreiro, como é conhecido pela população da cidade, tem sido ao longo dos anos uma referência histórica pelos seus edifícios e solares onde a partir do século XIX foi moradia de famílias brasonadas, como “Os Athaydes”, “Os Charters” e “Os Tabordas”.
O Terreiro é hoje um espaço onde se misturam os seus bares com um grande movimento nocturno e também local onde se encontra a Biblioteca Municipal, o Albergue de Juventude e a Fundação da Caixa de Crédito.

Fonte Freire (Fonte do Frei) – Séc. XVIII
A Fonte Freire está localizada no Bairro com o mesmo nome, no coração do Centro Histórico. É um exemplar arquitectónico do equipamento urbano setecentista de traça barroca.
No início do século XX foi objecto de remodelação para melhorar a captação de água. Hoje está um pouco degradada, com um pequeno fio de água imprópria para beber!

Colégio Dr. Correia Mateus - Séc. XIX
Casa de habitação burguesa no inicio do século XX foi comprada pelo arquitecto Ernesto Korrodi. Em 1910 foi vendida ao dr. Correia Mateus que a transformou em residência. Após a sua morte a família fundou o antigo Colégio Correia Mateus, que foi uma referência no ensino pré escolar e escolar em Leiria.
Em 1996 o Colégio encerrou e actualmente é um edifício que tem funções comerciais e de habitação.
É imóvel classificado de interesse público.

Igreja do Espírito Santo -Séc. XIII
Edificação de uma ermida da Confraria do Espírito Santo.
Em 1721 neste local terá existido uma ermida com o mesmo nome, associada à Fundação da Confraria na segunda metade do século XIII.
Junto ao local existiram uma albergaria e um hospital.
A Igreja actual é uma construção de estilo barroco com uma nave e três altares.

Edificio “Garage”
Situado no Largo 5 de Outubro este edifício foi reconstruído em 2009, mantendo parte da traça original e o arco “Garage”.
Era conhecido pelo “Edifício Faria” onde existiu a típica padaria “Sequeira”.
A fachada mantém os azulejos decorativos em cimalha e foi reconstruída em 2008.

Mercado de Sant’Ana-Séc XV
Fundação do Convento Dominicano, votado a Santa Ana. O extinto Convento de Sant’Ana, construído nos finais dos anos quatrocentos, foi fundado por D. Catarina, condessa de Soure e albergou até 1880 as religiosas da Ordem de S. Francisco.
1916 – A Autarquia de Leiria demoliu o Convento e construiu no mesmo local o mercado municipal da cidade.
1919-1931 – Construção do Mercado Municipal que funcionou até 1980.
1999-2001 – Reabilitação do Antigo Mercado e conversão em Centro Cultural, incluindo o Teatro Miguel Franco onde hoje se realizam os mais variados eventos: conferências, debates, espectáculos de teatro, etc.
O Mercado foi classificado imóvel de interesse público.

Igreja da Misericórdia – Séc. XVIII
1544 – Fundação da Sta. Casa da Misericórdia de Leiria (Igreja e Hospital).
1721 – Na actual Rua da Misericórdia terá existido uma sinagoga até ao século XV
É o edifício religioso mais antigo do núcleo do Centro Histórico. Ao lado da Igreja no local onde hoje se encontra a Casa do Arco e a Residencial Leiriense, existiu o Hospital e a Albergaria da Misericórdia.

Fonte das 3 Bicas (Carrancas) – Séc.XVIII
1721 – Referência à sua existência. É uma fonte de características barroca, que serviu a população durante séculos. Situada na margem esquerda do Lis, em pleno centro da cidade, sofreu algumas alterações que modificaram a sua traça e recentemente foi alvo de obras de restauração, mas continua algo degradada.

Padrão da Ponte dos 3 Arcos – Séc. XX
1940 – O padrão conhecido por “Pedra de Armas da antiga Ponte dos 3 Arcos” assinala a existência no mesmo local da Ponte. Construída no século XVIII e demolida em 1902 serviu de ligação entre as duas margens do Lis, junto ao Hospital D. Manuel de Aguiar. Está prevista a construção de uma nova ponte pedonal no âmbito do Programa Polis, no local da Ponte dos 3 Arcos.

Igreja Gótica Nª Sª da Pena - Séc.XII
Situada no interior do Castelo de Leiria, foi a primeira Catedral. Hoje restam as paredes exteriores e parte da capela do Altar Mor.

Igreja de S. Pedro
Situada no sopé do Castelo, foi utilizada pelo Cabido como 2ª Catedral em finais do Séc. XII. É um pequeno edifício românico com um pórtico de grande beleza e um interior de uma só nave. Ao lado localizou-se o Paço Episcopal, actual Quartel da Policia de Segurança Publica (PSP). Foi abandonado ao culto por meados do Séc.XVI e mais tarde serviu de celeiro e teatro. Depois de concluídas as obras de restauro foi aberta ao culto nos anos de 1940. Hoje serve apenas para eventos sociais (baptizados ou casamentos) e pela sua excelente acústica é palco de actividades culturais diversas, como musica coral e instrumental.

Sé Catedral de Leiria – (Séc.XVI) Construída entre 1550 e 1574, data em que o Cabido se transferiu da Igreja de S. Pedro. Foi seu primeiro bispo D. Frei Gaspar do Casal.
A Catedral foi remodelada entre 1968 e 1974. Apesar de não ter a imponência e a grandeza das grandes catedrais, tem uma beleza e uma riqueza sui generis, característica das catedrais góticas da época, com três imponentes naves. A sua sacristia é digna de uma visita atenta com um bonita tecto de madeira e a capela mor tem algumas pinturas do pintor seiscentista Simão Rodrigues.

Igreja de S. Francisco
Fundada no Séc XII, no antigo Rossio de Santo André. Mais tarde foi transferida para o actual local, no final da Av. Heróis de Angola, por força da muitas inundações e cheias que o Lis provocava. Em 1866 serviu de Cadeia.
A Igreja em estilo neogótico esteve abandonada e fechada largos anos pelo estado de total degradação. Em finais do Sec. XX procedeu-se a uma completa remodelação do seu interior que a transformou num dos mais belos exemplares do seu género. Foram recuperados e restaurados alguns painéis e frescos do séc. XVIII alusivos à vida de S. Francisco. Hoje está aberta ao culto e é palco regular de actividades culturais.

Convento e Igreja de Sto. Agostinho
O Convento e Igreja setecentistas foram construídos com inicio em 1580, na margem esquerda do Lis. A Igreja é de fachada barroca. O Convento depois da revolução de 1910 foi ocupado em grande parte pelo Regimento de Infantaria 7 e noutra ala do edifício, com um belo jardim interior funcionou durante anos o Distrito de Recrutamento e Mobilização Militar (DRM).
Actualmente é utilizado pela Cruz Vermelha Portuguesa , mas futuramente deverá ser transformado no Museu de Arte Sacra da Cidade.
A Igreja de Santo Agostinho está aberta ao culto e também é utilizada para manifestações culturais, como orquestras e coros. Nas traseiras, tem um bonito parque relvado junto à margem esquerda do Rio Lis.

Santuário de NªSª Encarnação
É o mais típico santuário de Leiria, não só pela sua excelente localização no alto do morro da Sra. da Encarnação, com uma paisagem espectacular sobre a cidade, mas pela sua própria beleza exterior e interior.
NªSª da Encarnação é a padroeira da cidade e os festejos anuais em sua honra celebram-se em 15 de Agosto.
Iniciada a construção no Séc XV, é servida por uma monumental escadaria de 162 degraus. Exteriormente tem uma galilé de 12 arcos. O seu interior é decorado com belos azulejos seiscentistas e um conjunto de telas do fim do séc. XVII.
Tem um excelente órgão, transferido da Sé Catedral e para além de estar aberta ao culto ali se realizam diversos eventos culturais e sociais.

Convento e Igreja da Portela
Conjunto revivalista e neoromânico foi construído no inicio do Séc. XIX e situa-se próximo da Câmara Municipal de Leiria.
Foi convento e Seminário da Ordem Franciscana. Parte do edificio foi cedido em 1920 para aí se instalar a Escola Secundária Domingos Sequeira e o Asilo Distrital. A Torre foi restaurada no final do século XX. Hoje o Seminário está desactivado.
A sua enorme Igreja é local de culto e também pelas excelentes condições, é utilizada para manifestações culturais e regularmente é incluída nas programações dos festivais de musica da cidade.

Conventos, Igrejas e Capelas Extintas
Convento das Freiras de Ana – Situava-se na actual área do Mercado de Santana e foi construído nos finais do século XV.
Ermida NªSª dos Anjos – Estava localizada no lugar do actual Hospital D. Manuel de Aguiar.
Ermida Nª Sª da Paz – Situava-se no cimo da actual Rua da Paz, no Centro Histórico da cidade.
Ermida Sto. António do Carrascal – Situava-se no Monte com o mesmo nome, junto ao actual cemitério de Leiria.
Capela de S. Miguel - Pequena ermida localizada no alto do monte com o mesmo nome, na margem direita do Lis.
Convento dos Capuchos - Foi adaptado a Hospital Militar no século XIX e a sua Igreja, única parte do edifício que está ainda de pé, em completo abandono deverá ser restaurada logo que o Ministério da Defesa estabeleça o acordo de transferência para o Município de Leiria. O Convento situava-se no morro onde hoje está o Bairro dos Capuchos, um dos maiores núcleos habitacionais da cidade.