Curiosidades

Lenda de Amor e Cegovim

Era uma vez ... fazia o Senhor Rei D. Dinis e a sua Santa mulher, a Rainha Isabel, uma mais demorada pousada em Leiria, talvez para descansar dos muitos afazeres do seu alto cargo.

Um dia, o Rei passeando no seu fogoso corcel, galopou, galopou, campos fora, e, lá longe, num pequeno lugar vê uma camponesa formosa como nenhuma outra se vira ainda em muitas léguas ao derredor.

Apaixonou-se o Rei pela camponesa e ali, naquele lugar, no meio do campo florido de papoilas e malmequeres, nasceu naquele dia um grande amor.

As visitas do Rei ao seu grande amor continuaram e tornaram-se conhecidas nas redondezas, e, àquele lugar começaram a chamar Amor.
Também a Rainha soube dos novos amores do seu marido e Rei e, para lhe mostrar a sua reprovação sem o melindrar, mandou uma noite alumiar o caminho por onde o Rei, seu esposo, deveria regressar a Leiria.

D. Dinis, ao dar com as veredas, por onde voltava, com grande alumiação, de muitos fogachos, viu estar ali uma muda intenção crítica da Rainha, e exclamou:

“Até aqui cego vim!”

E o sitio onde começavam as iluminarias passou a chamar-se “Cegovim”, que, por uma natural corruptela popular se chama hoje Cegodim.

Lenda da Senhora do Monte

A uma comprida légua de Leiria, acima das Cortes, e no alto de um monte que se prolonga para maiores alturas, há uma Ermida onde se venera uma imagem de Nossa Senhora, com a invocação de “Senhora do Monte” que fez esquecer a de “Mercês” com que algumas vezes a designaram. Esta Santa Imagem é de pedra, bem trabalhada, e teve a sua origem num voto de aflição, que a tradição oral e escrita trouxe até hoje e nós vamos contar:

Era uma vez... ia Diogo Gil no alto mar. Não diz a lenda se era marinheiro ou comerciante, capitão, piloto ou embreador, quando nas costas portuguesas se levantou temerosa tempestade, com alterosas ondas que varriam o barco de proa à ré, de bombordo a estibordo.

A aflição generalizou-se e Diogo Gil, que via terminados os seus dias naquele momento, fez um ferveroso voto a Nossa Senhora de Lhe construir uma Ermida num alto monte que dali se avistava se a borrasca amainasse.

E, logo após a promessa feita, à tempestade sucedeu a bonança. E Diogo Gil, fiel á sua promessa, logo se voltou para terra e avistando os altos montes que coroam a povoação das Cortes, disse: “Será ali”.

Regressando à terra, na cidade de Lisboa, Diogo Gil foi procurar o sítio que do mar avistara e onde devia construir a ermida dedicada à Rainha dos Céus. E andou, andou, até que chegou às Cortes.

E ali subiu, subiu, passou a Abadia, e continuou a subir...

Até que, lá ao longe, se via o mar, aquele mar que ia encurtando a vida de Diogo Gil. O peregrino, olhando o mar, lembrou-se do mau bocado que passara lá longe, nas brumas da distância. E, ali mesmo, Diogo Gil ajoelhou, orou, e depois mandou edificar a Capelinha que prometera à mãe de Jesus.

Colocada a Imagem no altar, grande festa Lhe fez Diogo Gil, festa que todos os anos se repetia e que ainda hoje se repete no dia da Senhora do Monte.

Não se sabe quando se edificou a ermida, mas sabe-se que já tem vários séculos.


Lenda do Corvo da Tomada de Leiria

Era uma vez ... nos tempos do primeiro rei de Portugal, as hostes do Rei Afonso, vieram , em estugada marcha, do norte ao sul, com desejo de conquistar o Castelo de Leiria que aquele Rei havia edificado, anos antes, e os mouros tinham tomado depois da grande matança da gente portuguesa.
Ao chegar às proximidades de Leiria, que então ainda não era cidade, o Rei dispôs os seus guerreiros a norte do castelo, num montículo, hoje conhecido como Cabeço de El-Rei, donde ia partir para o assalto por aquele lado menos difícil para a tomada da fortaleza.

Devia ser uma alvorada sem brumas a prenunciar um dia de sol claro a refulgir nas pontas das lanças e nas espadas dos soldados portugueses.

Quando todas as tropas estavam já prontas para a arrancada pousou um corvo, no alto de um pinheiro, que começou a agitar as asas com frenesim e a crocitar com alegria. Tal facto muito contentou as tropas do Rei Afonso e mais os entusiasmou por verem nele um sinal de bom agoiro para a empresa que iam cometer: a conquista do Castelo de Leiria.

Este acontecimento é hoje memorado no brasão da cidade de Leiria, que mostra um corvo em cima dos dois pinheiros que ladeiam a sua torre central.

Lenda do Agulhado

Era uma vez ... já lá vão muitos centénios, ainda a igreja de Nossa Senhora da Pena, ou da Penha, era lindamente ordenada de preciosidades que a tornaram muito bela, como muito belas já eram as suas cantarias.

Entre as coisas valiosas que lá havia contava-se uma relíquia, que era um pequenino osso de São Brás, guardado em uma bolsa de rico pano. E quando algum devoto se sentia amargurado ia àquela igreja e colocava a relíquia em volta do pescoço sentindo-se, quase logo, aliviado.

Consta-se que, um dia, um pobre rapaz, engulira descuidadamente, uma agulha e se lhe atravessara na garganta, causando-lhe grande aflição, quase o sufocando.

Apressadamente o levaram diante de N. S. da Penha e lhe puseram a relíquia ao pescoço.

Teve-se este facto como um milagre de N. S. da Pena e o rapaz ficou sendo conhecido por O Agulhado.

As três Portas da Sé

Era uma vez ... em tempos já muito antigos, vivia em Leiria um senhor muito rico e muito poderoso, e muito avarento, que não sabia como guardar as suas riquezas, os seus tesouros.

E passava ele dias e dias, noites e noites, a cogitar a maneira de os ladrões lhe não roubarem os seus tesouros.

Como fazer? Como não fazer?

Até que um dia se lembrou de abrir três longos túneis e ao fim de um deles colocar o muito ouro e a muita prata e as muitas pedras preciosas que tinha e que constituíam imenso tesouro, como até então nunca se vira.

E assim fez.

Mandou abrir três túneis subterrâneos, ali, no sopé do monte onde hoje está construído o castelo, e deixou as suas riquezas ao fim de um deles.

Seguidamente mandou-os tapar com três portas de alvenaria e fez constar que em uma delas estava o seu tesouro, mas em outro estava a fome e no terceiro a peste.

Assim criou um ambiente de medo de verdadeiro terror, que evitou que os ladrões lhe fossem roubar as suas imensas riquezas.

E o homem, rico e poderoso, passou a dormir descansado. As três portas ainda hoje se vêem no muro, ao pé da Sé de Leiria, e passaram a ser conhecidas por “As três portas da Sé".

Lenda da Ana de Bragança

Era uma vez ... já lá vão muitos lustros, um Senhor Infante, homem bem apessoado e insinuante, fez pousada em Leiria.

Vivia, então, na cidade, uma senhora que aparentava uns trinta anos, muito linda e elegante, chamada Ana Ricardina, natural da Praça de Almeida, lá para as bandas da raia, de ascendência espanhola, segundo uns, de raiz portuguesa, segundo outros.

O Senhor Infante viu a linda Ricardina e logo se apaixonou. Amaram-se muito e muito ternamente. E, passados tempos, a Ricardina começou a perder a elegância e a mostrar os sinais da maternidade.

Ia nascer um menino, o seu unigénito.

Mas o Senhor Infante já feito Rei abalou ... e abalou para longe.

E o menino nasceu, mas o pai jamais o viu.

Ele tinha olhado para baixo; ela tinha olhado demasiado para o alto.

Compreensivo e bom pai, não os abandonou.

E a mãe e o filho passaram a viver de uma pensão que um capitão lhe mandava entregar em nome do Senhor Rei.

Mas um dia o capitão morreu e a pensão ... morreu também.

A Ricardina que já era conhecida por Ana de Bragança começou a sentir dificuldades económicas, por falta da pensão. Mas ela era mulher forte e decidida, com sua grande vontade de viver, e, no desejo de amparar o seu menino, fez-se curandeira.

Passou a curar a espinhela caída como então se chamava, popularmente, ao estado de fraqueza geral. E assim foi vivendo de saudade do Senhor Rei, até que Deus a chamou a si, aos setenta e dois anos de idade, já lá vão muitos lustros, deixando o seu menino, já feito homem e com geração.

A Senhora da Gaiola

A entrada de exércitos invasores num país traz consigo a depradação, o latrocinar mais violento. No caso da invasão dos mouros na Lusitânia terá sido muito pior, não só pelo roubo à mão armada, como pela incompatibilidade religiosa.

Daí que em algumas terras de cristãos, os habitantes se vissem forçados a esconderem nos lugares mais recônditos da sanha dos infiéis as imagens que lhes eram mais queridas.
Foi o que sucedeu, segundo reza a lenda ou a tradição, com a imagem de Nossa Senhora, ali nas Cortes, a uma curta légua a sul de Leiria.

Um dia, em mui recuados tempos, uns pastores internaram-se, com seus rebanhos, mato a dentro, na direcção do sul, sempre mais e mais dentro de densas brenhas. E heis se não quando topam com uma linda imagem da Virgem Mãe de Jesus, iriante, encastoada num tronco de árvore.

Os pastores ajoelharam reverentemente e logo construíram uma cabana de ramos de árvores e mato para a entronizarem, cabana essa que mais parecia uma gaiola.

A notícia correu célere e trouxe à pequena choça as gentes das vizinhanças e, depois, a de lugares mais distantes, que à Santa Imagem começaram a chamar a Senhora da Gaiola, como ainda hoje é conhecida, venerada e festejada e já considerada Padroeira da freguesia das Cortes.

Fonte da Barroquinha

Era uma vez…em dia já muito recuado na longura dos tempos, em pleno verão escaldante, o rei passava com sua corte ali junto a Maceira.

O rei sentia os ardores da sede no meio de uma canícula tão ardente como há muitos lustros se não sofria.

Ao passar roçando uma rocha, o poderoso rei, sem poder para matar a grande sede que o atormentava, gritou em desespero e tom eivado de maldição, para os seus acompanhantes: “Maldito cavalo que não escoicinha esta rocha até a fazer manar água a fartar”.

Palavras não eram ditas e o cavalo real, como se tivesse compreendido a fala irada do seu domo, dá uma forte parelha de coices aa rocha que fez tremer ceú e Terra.

A escoicinhadela foi tão violenta que o rei teve de se amparar com a sua espada na rocha, no mesmo sítio onde o cavalo do rei escoiçara. Mas a espada fraca resistência encontrou e furou a rocha, e, do furo aberto, jorrou água abundante e fresquinha que desdentou o rei e toda a sua comitiva.

O povo vendo aquela fartura de água tão fresca e cristalina, onde tudo fora barroca por onde começou o jorramento do precioso líquido refrescante que nunca mais findou e ainda hoje continua correndo onde se levantou mais tarde a chamada fonte da Barroquinha.
O Bodo do Pão e do Queijo

Era um vez…ali no Terreiro, que depois veio a chamar-se Terreiro do Pão e Queijo e hoje é o Largo Cândido dos Reis, mas mais conhecido pela antiga determinação de Terreiro, havia uma mulher que tinha uma venda.

Um dia, tocada pela ganância de maiores lucros e menores trabalhos, a taberneira foi-se a um poço que tinha na sua casa e dele tirou água com que baptizou o vinho que tinha para vender aos seus fregueses, sem saber que a água era salgada.

E foi isto uma vez, e outra vez e mais algumas vezes sem que ninguém descobrisse a trapaça da vendeira.

Mas, como diz o nosso povo: “O homem cobre e Deus descobre”.

Assim foi também desta vez, pois um belo dia os fregueses começaram a perceber que o vinho estava salgado, o que muito entristeceu a mulher que de pronto mandou tapar o poço.

A taberneira que era boa mulher deu se arrepender da sua fez acção e fez logo testamento legando todos os seus haveres a Confraria do Espírito Santo, de Leiria, com a condição de com o seu rendimento dar, todos os anos no 1º de Maio, aos pobres da cidade um bodo de pão e queijo.

E assim se fez durante muitos e muitos anos, até que os seus confrades se esqueceram da obrigação que aquele legado lhes impunha, empregando tais rendimentos em despesas que não obedeciam a intenção da testadora.

Uma vez, o bispo Dom Dinis de Melo, tomou conhecimento do que se passava e ordenou, por provisão de Abril de 1632, que o pão amassado e o queijo comprado se dividissem em três quinhoes e se distribuíssem, um para pobres, outro para pobres envergonhados e outro para os pobres que acorressem a casa onde era hábito o bodo.

Aquela provisão bispal foi confirmada por outra de D. Pedro Bárbara, também bispo da diocese de Leiria, datada de Abril de 1637.

Depois da morte da vendeira o dono da casa, Manuel de Campos, mandou atulhar o poço.

No último quartel do século passado a Rua do Pão e Queijo, onde estava situada a venda e até onde chegava o Terreiro em tempos passados, mudou de nome, assim se esquecendo uma designação que era secular e criada pelo povo.

Morcelas de Arroz


Típica da região de Leiria, a morcela de arroz é uma das iguarias mais características da Estremadura, que outrora se fazia na altura da matança.
O sangue fresco do porco é temperado com sal e pimenta, e diluído com vinagre e vinho tinto.
Junta-se carne entremeada de porco, cortada em pedaços miúdos, alho, cebola, salsa, cominhos e cravinhos e deixa-se marinar durante cerca de oito horas, mexendo de vez em quando.
O arroz, cozido à parte e escorrido, é adicionado ao preparado. Enchem-se as tripas, depois de muito bem lavadas e esfregadas com limão.
Podem ser servidas, após leve cozedura em água temperada com sal, louro e cebola.

História das Brisas do Lis:

Tudo começou no Colonial «O “Café Colonial" foi aberto por dois sócios provenientes do Ultramar, mas pouco tempo depois, um deles abandonou a sociedade, ficando o estabelecimento a pertencer ao outro, José Lopes. Estava instalado no Largo 5 de Outubro, num bloco que já não existe, onde foi construído o edifício da Caixa Geral de Depósitos. No local, antes, tinha estado o “Café-Restaurante Comercial". Era uma sala muito concorrida que tinha uma porta giratória e um “groom", um miúdo de cor, uniformizado. A esposa do proprietário fabricava um bolo, uma especialidade de ovos e açúcar, cuja receita não saiu da família. Chamava- -se inicialmente “saudades de amor", mas, ou porque o nome era demasiado longo e complicado, ou por outra razão qualquer, passou a chamar-se, nos meados dos anos Trinta, “beijinhos". As cenas mais ou menos hilariantes que se passavam, quando um ou outro bem humorado pedia “beijinhos" ao dono do café, fizeram com que, pela terceira vez, voltassem a ser baptizados, agora como “Brisas do Lis", nome pelo qual ainda hoje é conhecido.»

Receita das Brisas do Lis:

250g de açúcar
60g de amêndoa
6 gemas de ovos
3 claras
Baunilha

Leva-se o alúcar ao lume com metade do seu peso de água, até atingir ponto de pérola, fraco. Retira-se e em amornando misturam-se as gemas com as claras e a amêndoa, pelada e passada pela máquina, sem bater. Deita-se o preparado em formas de papos de anjo, untadas com manteiga levam-se ao forno a cozer. Tiram-se das forminhas em quente e metem-se em caixinhas de papel frisado


Bolinhos de Pinhão

250 g de açúcar mascavado claro
125 g de manteiga
3 ovos
150 g de miolo de pinhão
500 g de farinha
Manteiga e aroma de baunilha q.b.

Ligue o forno a 180ºC. Unte um tabuleiro com manteiga e forre-o com papel vegetal também untado. Misture o açúcar mascavado claro com a manteiga e amasse bem. Adicione umas gotas de aroma de baunilha, os ovos, metade dos pinhões e, por fim, a farinha. Com o auxílio de uma colher, molde pequenos bolinhos e disponha-os no tabuleiro. Coloque os restantes pinhões sobre os bolinhos e leve ao forno durante 15 minutos.

Torta de Laranja

8 ovos
400 gr. açúcar
2 colheres de farinha
raspa de uma laranja
sumo de duas laranjas
1 colher de sopa de manteiga

Liga-se o forno a 180º.Unta-se uma folha de papel vegetal, com manteiga, e forra-se um tabuleiro.numa taça coloca-se a farinha com o açúcar e juntam-se os ovos inteiros e mexe-se muito bem, entretanto jutna-se a manteiga derretida , a raspa e o sumo das laranjar e mexe-se muito bem. Coloca-se no tabuleiroVai ao forno a cozer, não me recordo bem do tempo, mas sei que é rápido, logo que fique com um tom douradinho, já está pronta.Retira-se do forno e humedece-se um pano e polvilha-se com açucar.Enrola-se a torta e já está.