A Senhora da Gaiola
A entrada de exércitos invasores num país traz consigo a pradação, o latrocinar mais violento.
No caso da invasão dos mouros na Lusitânia terá sido muito pior, não só pelo roubo à mão armada como pela incompatibilidade religiosa.
Daí que em algumas terras de cristãos os habitantes se vissem forçados a esconderem nos lugares mais recônditos da sanha dos infiéis as imagens que lhes eram mais queridas.
Foi o que sucedeu, segundo a reza a lenda ou a tradição, com a imagem de Nossa Senhora, ali nas Cortes, a uma curta légua a sul de Leiria.
Um dia, em mui rucuados tempos, uns pastores internaram-se com seus rebanhos, mato a dentro de densas brenhas.
E heis se não quando topam com uma linda imagem da virgem mãe de Jesus, iriante, encastoada num tronco de árvore.
Os pastores ajoelham reverentemente e logo construíram uma cabana de ramos de árvores e mato para a entronizarem, cabana essa que mais parecia uma gaiola.
A notícia correu célebre e trouxe à pequena choça as gentes das vizinhanças e depois, a de lugares mais distantes, que à Santa Imagem começaram a chamar a Senhora da Gaiola, como ainda hoje é conhecida, venerada e festejada e já considerada Padroeira da Freguesia das Cortes.
Retirado de: CABRAL, JOÃO – Anais do Município de Leiria, 2ª Ed., Leiria, C.M., 1993, 2º Volume, p.208
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